sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
A linguagem como parte do corpo na Linguística chomskiana
Talvez, a palavra (escrita ou falada) possa ser a senha de entrada no nosso mundo, mas este fato não é tão simples como parece ser porque não se trata da linguagem com a perfeição da linguagem adâmica ou da relação arbitrária do significante com o significado. Poderíamos dizer que a palavra pode ser a senha para entrar não só no mundo, mas em mundos. Por outro lado, seria possível conhecer de fato o mundo do outro como ele é realmente (sem representação ou interferência da linguagem)? Como atua o inconsciente na constituição de linguagem e da palavra, já que o inconsciente é coletivo? Bastaria pensar para existir? O pensamento pode ser de fato representado de forma precisa como sugere a lógica aristotélica? Estas são algumas provocações.
Inicialmente, gostaria de refletir sobre língua e linguagem para em seguida entrar nas questões da representação por meio da língua e da linguagem. Tomemos o enunciado de autoria de Noam Chomsky sobre a linguagem: “A faculdade de linguagem parece ser uma verdadeira ‘propriedade da espécie’, variando pouco entre as pessoas e sem um correlato significativo em qualquer parte” o que ele quis dizer com isso? Esse movimento que faço ao fazer uma interrogação sobre o entendimento do enunciado gerado por Chomsky, ilustra um pouco o fato de que desejamos encontrar um sentido único para todos e nessa busca fica evidente que a relação da palavra com a coisa representada é um relação tensa e conflituosa porque envolve a questão da subjetividade e da alteridade. Neste jogo complexo que é a linguagem, a idéia adâmica de linguagem de que há um nome para cada ser nomeado por Adão e o fato de Adão ser/existir por causa da palavra pronunciada pela vontade do Criador, nos leva a crer que representar é criar. Mas para que representar? Por que representar? A palavra pode representar algo com precisão?
Por que perguntar, se sou Humano, se sou Linguagem e produzo aqui enunciados em língua materna? Parece-me nesse sentido que Jacques Derrida diz: “mesmo quando só temos uma língua materna e estamos enraizados em nosso local de nascimento e em nossa língua, mesmo nesse caso, a língua não pertence.” Assim, data vênia, não há falante-ouvinte ideal mesmo na língua materna, porque a língua traz desafios. O perguntar é a tentativa de encontrar o entendimento, a busca pela precisão da palavra partilhada, é uma atividade da linguagem para se apropriar da Linguagem. Nessa luta corporal se não a marco, sou marcado por ela.
Essas questões nos tocam diretamente enquanto seres da linguagem e temos procurado encontrar respostas. Por isso, procuramos domesticar a palavra que resiste que luta contra a banalização, a trivialização, a mecanização, a letargização que podem matar a ação de traduzir (busca de significados). Eis aqui o poder da palavra: gerar a busca, gerar o homem que busca gerar a humanidade de ser homem que busca traduzir os mistérios da linguagem que habita o ser por meio da própria palavra que é linguagem. Quem pode traduzir o amor?(ou melhor, que palavra pode fazer representar toda complexidade dele?).
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